"Eu preferia não ficar igual a toda a gente que não ouve nada. Quando eu digo que não ouvem nada ouvem as coisas mais abomináveis, coisas abjectas que, repara, eu não estou lá. Quando as pessoas normais estão a ouvir coisas insignificantes que não servem para nada, a Floribela a bombar na televisão, o raio que o parta, tudo aos berros no restaurante, o Benfica, o Sporting… Eu essas não oiço, não vou lá, para mim não existem. Também me podia queixar ao entrar num café que estou a ouvir uma coisa que não existe! Tudo aos gritos, o Valentim Loureiro numa televisão, a Floribela na outra...Também me posso queixar que estão a mudar a realidade. Porque para mim aquilo não existe, nunca estou lá!

Para mim existe o Marante, a cantar numa floresta, lá muito ao longe, uma coisa muito bonita…"